O site Agro Metrópoles, de Brasília, lançou dúvida sobre a obra de uma nova Unidade Mista de Pesquisa e Inovação (Umipi) da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), no município de Nossa Senhora do Livramento (MT). A nova unidade vai custar R$ 48 milhões e foi lançada no sábado (8) pelo ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), senador licenciado Carlos Fávaro (PSD). O portal lembra que a Embrapa vive uma 'severa crise financeira' e está, inclusive, sob ameaça de não dar continuidade às suas pesquisas.
"O anúncio, feito pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, levanta questionamentos sobre as reais intenções da iniciativa, que parece mais um movimento eleitoreiro do que uma ação concreta para fortalecer a pesquisa agropecuária no país", opina o portal, completando que "nos últimos anos, a Embrapa tem lutado para manter suas atividades diante da falta de investimentos governamentais. A própria diretora da estatal, Silvia Mashura, vem buscando alternativas no mercado financeiro para garantir recursos, incluindo a possibilidade de cobrança de royalties sobre suas tecnologias, conforme destacou o Estadão".
Segundo o Agro Metrópoles, o presidente Lula chegou a prometer a ampliação dos investimentos na empresa, mas, na prática, a realidade seria outra. "A Embrapa segue em busca desesperada de fontes alternativas de financiamento para continuar sua missão de pesquisa e inovação no setor agropecuário", aponta.
Para o portal, a construção da nova unidade anunciada por Fávaro não encontra respaldo na estratégia de sobrevivência da estatal. "O investimento em infraestrutura, sem garantia de recursos para manter a pesquisa, sugere um descompasso entre o governo e a real necessidade da Embrapa".
A criação da nova unidade também foi detonada pelo ex-secretário do MAPA, Pedro de Camargo, em reportagem do portal Globo Rural. Membro do Grupo de Estudos Avançados de Aprimoramento do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária, criado em 2023 por Fávaro para sugerir mudanças na gestão da estatal, Camargo foi enfático: “Essa inauguração é uma afronta”.
Camargo disse na reportagem do Globo Rural que entregou um extenso relatório ao ministro e ao Conselho Administrativo da Embrapa (Consad) com diversas propostas de mudanças no ano passado, tem feito críticas pesadas à gestão da estatal. Em artigo publicado recentemente os integrantes do Conselho, liderados pelo ex-presidente da empresa, Silvio Crestana, avaliam que as dificuldades são maiores do que no início das consultas feitas a eles pelo governo. “Em plena crise financeira, planejam também ampliar três locais para novas unidades de pesquisa (...) As novas fontes de recursos ventiladas, infelizmente, não nos transmitem a necessária segurança”, escreveram no artigo. Segundo o grupo, a criação das novas unidades atende a pedidos políticos.
Ainda segundo o Globo Rural, a Embrapa encerrou o ano de 2024 com um déficit orçamentário geral de aproximadamente R$ 200 milhões. Para 2025, a situação não deverá melhorar. A estimativa é que sejam necessários R$ 510 milhões para que os projetos em curso não sejam afetados. Para o atual exercício, a proposta original do governo — ainda pendente de aprovação pelo Congresso Nacional — é destinar apenas R$ 137,4 milhões para o custeio de pesquisas, desenvolvimento e transferência de tecnologias para a agropecuária. Em 2024, o valor inicial aprovado foi de R$ 203,1 milhões. O montante sofreu cortes e foi reduzido para R$ 176,5 milhões.
Outro lado
Em nota encaminhada ao Globo Rural, a Embrapa disse que “não estão sendo criadas novas unidades descentralizadas ou centros de pesquisa novos”, mas admitiu a criação de unidades mistas, como a de Mato Grosso. Segundo a empresa, tem sido feito esforço para fortalecer a presença nos Estados por meio de novos mecanismos de atuação, como o estabelecimento de “parcerias sólidas com entidades públicas e privadas locais, com as secretarias estaduais de agricultura e com universidades”.
Ainda na nota, a Embrapa diz que essas iniciativas otimizam o uso compartilhado de infraestrutura e potencializam a implementação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento regional. Informa também que reestruturou a sede em 2024 para tornar processos mais eficientes, o que gerará economia de R$ 1 milhão por ano, e que as unidades centrais foram reduzidas de 24 para 14, tendo sido criada uma corregedoria para fortalecer a promoção da ética, integridade e transparência na gestão da estatal. “Em 2025, será priorizada a revisão das agendas das unidades descentralizadas visando mais foco nas atividades de pesquisa atuais”, afirmou.
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