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geral Segunda-feira, 01 de Julho de 2019, 09:28 - A | A

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Sem preconceitos

Menino "vira" Milena aos 9 anos com apoio dos pais

G1

Uma família de Mongaguá, no litoral de São Paulo, tenta 'driblar' o preconceito com a ajuda das redes sociais. Eros Gerassi tinha 9 anos quando contou aos pais e irmãs que seu gênero era incompatível com o que sentia. Após a conversa, a criança escolheu o próprio nome pedindo que fosse chamada de Milena e, a partir de então, a vida da família mudou completamente.

“Lembro que ele foi chorando para o banho após contar que não queria mais ser um menino. Depois, me disse ‘eu não sou pedra, sou cristal’. E me perguntou como faria para lidar com o preconceito. Esse foi o momento mais difícil”, afirma a mãe, Andrea Gerassi.

Ela explica que a criança vivenciou um momento de luto, e todas as coisas que remetiam à sua vida como garoto precisaram sair de casa. Lençóis, toalhas e roupas foram os primeiros a serem substituídos.

Os brinquedos e as fotos foram guardados um tempo, a pedido de Milena. “Foi tudo no seu tempo. Houve uma rejeição de qualquer coisa que lembrasse a época em que era um menino, mas esse apego ao nome nos surpreendeu”, conta Andrea. “Ela que optou pelo nome social Milena Eros”.

Andrea lembra que, quando Eros tinha 1 ano, já apresentava sinais de que era diferente das demais crianças. A mãe acreditava que poderia ser reflexo da companhia dela e das outras filhas em casa, já que o pai estava sempre trabalhando. Com o passar do tempo, a família acreditava que a criança assumiria a homossexualidade no futuro. Todos estavam preparados para isso.

As brincadeiras de Eros com os sapatos, vestidos e até mesmo maquiagens da mãe e das irmãs eram encaradas com naturalidade pela família. A mãe explica que o filho sempre foi “livre para ser o que quisesse”, e reforça que nunca impediu nenhuma brincadeira. Para ela, brinquedos não têm gênero.

Um dia, diz Andrea, Eros estava com o vestido da irmã e maquiado. “Ele perguntou qual seria seu nome, se fosse mulher. Na correria, respondi o primeiro que veio em mente, que era Lua”, comenta a mãe. Na época, ela comprou artigos femininos para que ele não usasse os das irmãs. Mais tarde, Eros pediu para que tudo fosse doado, e então Andrea achou que “a fase da Lua havia passado”.

Vivendo como um menino, ele foi vítima de bullying na escola, e chegava em casa contando que sofria ofensas dos demais colegas de classe. O pai aconselhava a revidar quando fosse atacado por outras crianças, mas Eros afirmava que não queria fazer igual aos agressores.

Quando Eros deu lugar a Milena, a família buscou uma nova escola, porque a agora filha queria conhecer pessoas diferentes. Foi numa escola pública que Andrea encontrou a melhor forma de incluir a criança em seu novo mundo.

Com 10 anos, Milena completou seu primeiro ano como trans. Nesse período, foi alvo de preconceito só uma vez, enquanto fazia compras com a mãe. “Lembro que ela havia pedido um pijama de unicórnio”, conta Andrea. “Quando entramos na loja, a vendedora saiu e não quis nos atender, provavelmente porque já tinha conhecido o Eros. Tentei fingir que lá não tinha o pijama, mas ela me perguntou se era preconceito, e eu tive que explicar”.

Após a mudança de gênero do filho, Andrea Gerassi se dedicou a escrever um livro contando a história de Milena, e resolveu compartilhar seu dia a dia por meio de uma página no Facebook. Fotos e vídeos de brincadeiras e relatos pessoais são publicados com o objetivo de conscientizar as pessoas. “Mães de crianças trans escondem seus filhos para não mostrar para a sociedade”, diz Andrea. “Não basta aceitar. Nós mostramos por que acolhemos a Milena", finaliza.

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