Rafael Vitti fala da carreira e explica por que 'foge' do programa da mulher, Tatá Werneck

Kogut

(Foto: João Cotta/Globo)

Rafael Vitti

No ar como o mágico Davi em "Além da ilusão", Rafael Vitti faz malabarismos para equilibrar todos os afazeres em sua rotina. O ator, que acumula papéis de protagonista na carreira, já está acostumado ao ritmo de trabalho pesado, mas há agora dois novos fatores. Além de as gravações terem sido muito afetadas pela Ômicron no início do ano, causando reflexos nos roteiros até hoje, trata-se da primeira novela dele depois de se tornar pai. Casado com Tatá Werneck, Vitti tem Clara Maria, de 2 anos:

- Estou numa correria, trabalhando de segunda a sábado. Gravamos capítulos altos e capítulos baixos (por causa das mudanças nos roteiros). Tiro o domingo para me organizar, ler os capítulos novos, decorar... O ritmo é insano. Minha filha nem lembra mais que tem pai, tadinha (risos). Acho que preciso levá-la ao trabalho para ela entender. Me sinto devendo muito em casa, para minha filha, para minha família. Mas vou me adaptando. E, como fiquei bastante com a Clarinha durante a pandemia, agora o contraste é muito grande. Acho que ela se acostumou melhor que eu. Eu ainda sofro.

Também vai ser acelerado o ritmo de Davi na novela. Ele vai ter que suar para manter sua verdadeira identidade em sigilo e, por isso, se enrolará numa teia de mentiras, enganando Isadora (Larissa Manoela) cada vez mais:

- Ele se envolve em tantas mentiras que tem que estar muito atento. Ele sempre é quase pego. Quanto mais mente, pior. Não sei como o público vai ver isso (o fato de enganar Isadora). Ele está na corda bamba. Se mete na confusão de bancar o herói, abrindo mão do desejo e da necessidade dele de provar a inocência para salvá-la (das vilanias de Joaquim).

A disputa com Joaquim (Danilo Mesquita), aliás, vai extrapolar limites, segundo Vitti:

- Existe uma rivalidade grande entre Davi e Joaquim que, em certo ponto, fica até maior do que o próprio objetivo dele ali. O público pode esperar um bom triângulo amoroso. Os personagens são todos multidimensionais, têm desejos muito fortes e concretos. Dorinha acho que, certa hora, vai encher o saco dos dois. O Davi acaba entrando numa onda de superproteger. Acho que a história é mais sobre isso mesmo, sobre essa personagem que não precisa nem do Davi nem do Joaquim para conseguir o que quer. A diferença é que um tem boas intenções e um caráter mais sólido, enquanto o outro é mais inconsequente e tem um caráter duvidoso. Mas acho que o Joaquim também gosta dela, do jeito torto dele, muito influenciado pela mãe. São muitos caminhos na história, de redenções e conflitos.

Com apenas 26 anos, Vitti já estrelou também "Malhação", "Roky story" e "Verão 90". Ele diz que evita encarar essa responsabilidade com um peso:

- Eu tento levar naturalmente. É claro que cada trabalho acaba exigindo mais, ficam esperando mais. Mas por um lado sinto que as pessoas sempre esperam menos de mim. É mais fácil surpreender. Converso com a Malu Galli (a Violeta de "Além da ilusão") sobre isso. Digo: "Deve ser muito difícil ser você, todo mundo espera que você vai entregar um trabalho perfeito". Comigo pelo menos as pessoas não estão com tanta expectativa, posso surpreender. É uma besteira que penso comigo, me diminuindo um pouco. Começou a sessão psicólogo (risos). Mas acho que (penso nisso) por ter vindo da "Malhação", por ter feito personagens mais descontraídos... Ator é um bicho inseguro. Não sou diferente. Às vezes estou mais acometido por esse sentimento, às vezes estou de boa. Nós fazemos um esforço enorme para esconder nossas inseguranças e fragilidades. Mas estou aqui me dedicando, dando o meu melhor. Todos os dias chego no horário, sei meu texto. O mais difícil de fazer novela é manter a performance. Tem que ter muita cabeça e saúde. Nos primeiros capítulos, eu estava com gás, fazendo exercício todo dia. Agora não faço mais, estou cansado, mas não dá para deixar a peteca cair. Não é todo mundo que aguenta essa pressão e esse volume de cenas. Estou tentando contar a história da melhor maneira possível, para não envergonhar minha autora, que confiou a mim esse personagem tão importante. São dias de luta e dias de glória.

Por conta da falta de tempo, ficou difícil até mesmo atender a um pedido especial de Tatá. A apresentadora, diz ele, não desiste da ideia de tê-lo no sofá do "Lady night", do Multishow. O ator comenta sobre uma possível participação:

- Eu acho que agora me sairia bem, depois de cinco anos de relacionamento, já conhecendo muito bem a Tatá. Não fui até hoje porque tenho uma certa... Não é timidez, mas me sinto meio desconfortável em programas, sem estar num personagem. Não me agrada tanto. E de fato é uma loucura (o programa). Tem que estar preparado. Eu ficava com receio. Ela sabe. Ela sempre me chama. Disse: "Rafa, estou querendo você para esta temporada (a próxima)". Estou ponderando. Mas não sei se teria tempo para fazer, por causa das gravações. Seria divertido, mas fico fugindo. Estou fugindo do Porchat também (risos).