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Fábio Alves se orgulha de ter levantado o debate sobre preconceito de gênero no carnaval
Quando passa no sambódromo, Fábio Alves, de 44 anos, atrai olhares de desejo e de curiosidade. Também pudera, com seus 116 cm de glúteo, o muso da São Clemente, agremiação do Grupo de Acesso do Rio, se destaca na multidão. Para manter toda esta proeminência, ele conta que tem muita disciplina. Exercícios diários recomendados por um profissional e um cardápio com alimentação balanceadas. Doce nem pensar.
“Malho pernas de duas a três vezes por semana, e sigo rigorosamente as recomendações do personal e da ntricionista. Tento ter uma rotina de um atleta de fisiculturismo. Tudo isso para manter a forma e o bumbum em dia”, revela.
“Quem não admira um bumbum, seja de homem ou de mulher? É a paixão nacional. Quem diz que não olha, está mentindo. Eu não tenho nenhum problema em afirmar: eu admiro sim, porque não?”, brinca o passista que tem 1,70m de altura e 81 kg de peso.
DESAFIOS
Para manter essa ostentação, o “MIster Bumbum” passa por alguns apertos. Ele relata que tem dificuldades em comprar roupas. No caso de calça, por exemplo, é preciso adquirir um número maior e pedir para ajustar a cintura. E quando se trata de roupas de praia, sem chance. Só mesmo encomendando a peça em uma costureira.
Além da dificuldade com o vestuário, Fábio recebe inúmeros assédios e desconfianças. Pessoas já perguntaram se ele fez lipo na barriga e aplicou a gordura no glúteo, ou se colocou silicone. Já na parte do assédio, o passista conta que recebe cantadas frequentemente, e até convites inusitados.
“Muitas pessoas pedem para apertar a minha bunda, por exemplo. Na balada é comum aparecer um casal elogiando não só minha bunda, mas meu corpo por completo. Na academia, uma moça me convidou para ir à uma praia de nudismo. Achei engraçado”, diz o morador de São Gonçalo, cidade da região metropolitana do Rio.
Solteiro, Fábio afirma que está com a vida tão corrida que não tem tempo para se dedicar a relacionamento. Além da maratona do Carnaval, ele é enfermeiro e está no sétimo período de psicologia.
CARNAVAL
Desfilando em duas escolas - a São Clemente, Grupo de Acesso do Rio, e a Unidos de Piedade, Grupo Especial do Espírito Santo - o muso ainda é rei de bateria do Bafo da Onça, um dos blocos mais tradicionais da folia carioca. Com todo esse destaque na maior festa popular do País, Fábio acredita que o seu pioneirismo contribuiu para a conscientização do mundo do samba.
“Sinto-me muito honrado. Não sou só uma bunda simplesmente. Colaborei para uma quebra de paradigma contra homens, que independente de sua sexualidade, podem ser vistos como uma coisa sensual”,conta o rapaz que se desligou de uma escola por, segundo ele, sofrer preconceito de gênero. “Em um país tão machista, como o Brasil, existem pessoas que não aceitam que homens podem ser desejados. Homens em destaque como eu, estão aí para quebrar este tipo de preconceito.”
Conhecido por suas fantasias pequenas, o muso conta que na maioria das vezes é ele quem arca com as despesas.
“Minhas fantasias não costumam ser tão caras. Eu não gosto de muito adereço, pois não gosto só de vir sambando, mas de interpretar um personagem.”
Além dos sambódromos, Fabio Alves participou de um documentário do cineasta Carlo Nader sobre Carnaval, e vai ser capa, pela segunda vez da Revista G Puerto Rico, publicação internacional dedicada ao público LGBT+
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