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UCRÂNIA DIVIDIDA

"Ucrânia será dividida em duas. Essa é a realidade", diz cientista político americano

DW

 

Foto: Riccardo Savi/Getty Images para Concordia Summit

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“Quando eu digo que há uma partilha, não estou sugerindo que haja um acordo no qual o Ocidente confirma as anexações pela Rússia como legítima”, disse Bremmer

 

 

O quadro atual na frente de batalha ucraniana e as dificuldades crescentes nos Estados Unidos sobre a continuidade do envio de ajuda militar a Kiev devem levar o Ocidente a aceitar conviver com uma Ucrânia dividida, com parte do território do país ocupado pela Rússia. Essa é a avaliação do cientista político americano Ian Bremmer, fundador e presidente do Eurasia Group, principal consultoria de risco do mundo.

 

"Quando eu digo que uma partilha da Ucrânia é inevitável, não vejo como justo ou aceitável. Mas acho que isso vai acontecer. Como um cientista político, não posso mentir na minha análise", avaliou Bremmer, que indicou a existência de conversas nesse sentido entre políticos do Ocidente, especialmente nos EUA. "Há um reconhecimento de que os ucranianos não conseguirão retomar seus territórios."

 

Segundo o cientista político, essa é uma realidade que deve se importar, mesmo que o discurso oficial ainda contraste.

 

"Estamos falando de dividir a Ucrânia. Uma partilha. Ninguém vai aceitar isso. Mas os americanos são bons em aceitar o inaceitável. A Coreia do Norte tem armas nucleares. Para os americanos, isso ainda é inaceitável, mas aprenderam a conviver com isso. O mesmo vale para o Talibã governando o Afeganistão . Maduro na Venezuela. Assad na Síria. Uma partilha da Ucrânia pode ser uma dessas coisas", disse, citando ainda que em 2014 a Europa também acabou aceitando conviver com a ocupação da região ucraniana da Crimeia pela Rússia.

 

As declarações foram feitas na sexta-feira (16/02) em uma mesa redonda com jornalistas durante a Conferência de Segurança de Munique, Alemanha, que ocorre anualmente e é considerada a "Davos da Defesa", reunindo competições de líderes mundiais e ministros para debater temas de segurança e geopolítica.

 

Entre os participantes deste ano estão a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, o chanceler federal alemão, Olaf Sholz, entre outros. Líderes russos não foram convidados.

 

 

Dificuldades na frente de batalha – e nos EUA

 

Na sua avaliação de que o quadro na Ucrânia caminha para uma partilha, Bremmer citou como determinantes a atual situação militar do país – no ano passado, as altas expectativas provocadas pela inovação lançada por Kiev não renderam os resultados esperados – e o futuro da ajuda americana.

 

"A idade média de um combatente ucraniano está em 37 anos. Não é possível manter isso pelos próximos anos", disse. “A habilidade e a vontade dos EUA de continuarem a liderar o fornecido de ajuda à Ucrânia têm se tornado mais radicalmente desafiadoras”, afirmou, citando os recentes embates na Câmara dos Representantes dos EUA, dominada pela oposição republicana e na qual a aprovação de um novo pacote bilionário de ajuda à Ucrânia segue indefinido.

 

Em sua análise, Bremmer elaborou que o estágio de uma divisão da Ucrânia não deverá ocorrer por meio de negociações ou pressão direta sobre a liderança ucraniana nos próximos meses.

 

"Ninguém está falando em negociações nos EUA até o fim das eleições. Não é como se os americanos pretendem forçar Zelenski a se sentar e negociar com o governo russo. Mas há um reconhecimento de que os ucranianos não têm capacidade para retomar seus territórios. E, se eles não têm capacidade militar, será preciso encontrar uma maneira de congelar o conflito, conseguir um cessar-fogo e seguir adiante. A questão é como esse 'seguir em frente' será. Quando eu digo que há uma partilha, não estou " Demonstrando que há um acordo no qual o Ocidente confirmar as anexações pela Rússia como legítimos, só estou apontando que a Ucrânia será dividida em duas. Essa é a realidade com a qual vamos conviver", avaliou Bremmer.

 

O cientista político ainda especula sobre como esse quadro será enfrentado na Ucrânia.

 

"Como isso poderá ser pintado para os ucranianos como uma vitória também é uma pergunta em aberto. Nada poderá solucionar os crimes de guerra, os feridos e mortos e os territórios tomados. Mas, se a Ucrânia pode vir a ser reconstruída – os 82% do território que eles controlam –, tenham garantias de segurança e consigam entrar na União Europeia, os ucranianos e seus filhos poderão ter um futuro que não estava em seus horizontes antes de 2014 ou 2022”, analisa.

 

*DW

 

 

 

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