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geral Domingo, 14 de Agosto de 2022, 07:00 - A | A

Domingo, 14 de Agosto de 2022, 07h:00 - A | A

"CAIU EM CIMA DO MEU CARRO"

Médica acusada de matar verdureiro atropelado diz ter sido prejudicada por ser rica

Redação

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Acusada de matar o vendedor ambulante Francisco Lúcio Maia ao atropelá-lo, em 2018, a médica Letícia Bortolini, de Cuiabá, declarou em vídeo postado nas redes sociais que ser rica a prejudica no processo e que existe uma guerra entre pobres e ricos no Brasil. A postagem foi feita após a Justiça determinar que ela vá à júri popular. Por orientação da defesa, o vídeo foi apagado.

 

A dermatologista responde por homicídio doloso – quando há a intenção de matar – porque, conforme o Ministério Público Estadual (MPE), conduzia o veículo embriagada, após sair de um festival de churrasco e cerveja, e em alta velocidade, além de ter fugido do local do acidente, sem prestar socorro à vítima.

 

No vídeo, ela argumenta que os ricos são tratados de forma diferente e alega inocência.

 

– O meu caso é diferente porque sou médica, sou rica, tenho dinheiro. É diferente, a gente é tratado diferente. Sou tratada diferente, porque rico é tratado diferente. Existe uma briga, uma guerra, entre rico e pobre neste país, que parece que quando pode pegar um rico e colocar na cadeia, todo mundo vence, todo mundo fica feliz -, afirma.

 

O advogado de defesa da médica, Giovane Santin, disse que pediu para ela apagar para não haver risco de mal interpretada. Argumenta que o ambulante estava com um carrinho sem sinalização, que já era noite quando ocorreu o acidente, que a vítima estava embriagada e violou as normas de trânsito para pedestre. A defesa já apresentou recurso pedindo a anulação da decisão que determinou o júri.

 

Bortolini confirma que estava em uma festa antes do acidente, mas nega que estivesse bêbada, como acusa o Ministério Público Estadual (MPE), e alega que não viu a vítima. O laudo pericial divulgado em fevereiro deste ano apontou que ela dirigia a 101 km/h em uma via cujo limite máximo é de 60 km/h.

 

– Um acidente assim pode acontecer com qualquer pessoa. Eu estava na pista de rolamento, não subi na calçada, não atravessei uma pessoa na faixa de pedestre, não atropelei ninguém por ter passado no sinal vermelho. O senhor Francisco não estava na rua. Ele entrou na rua no exato momento em que o meu carro passou. Caiu em cima do meu carro -, diz, no vídeo.

 

Acusada de omissão de socorro, a médica afirma que não parou porque não sabia que tinha atropelado uma pessoa e que só viu o retrovisor caído.

 

– Eu não vi uma pessoa. Como você vai imaginar que é uma pessoa, quando você ouve o barulho de um ferro e vê um retrovisor caído. Foi um acidente e, infelizmente, era eu que estava dirigindo. Essa dor ninguém imagina. Essa dor eu vou levar a vida toda, mas não vou me calar, aceitando que me tratem como uma bandida que eu não sou -, pontua, ao alegar inocência.

 

Francisco tentava subir com o carrinho de verduras na calçada quando foi atropelado. Ele morreu no local.

 

Depois do atropelamento, ela foi seguida por uma testemunha, que chamou a polícia. Foi para a casa dos sogros após o acidente, onde foi localizada pelos policiais. No dia, se recusou a fazer o teste do bafômetro e, em depoimento à Justiça, em fevereiro deste ano, a médica disse que se negou por medo do resultado, já que tinha bebido vinho no dia anterior ao festival.

 

À época, chegou a ser presa e liberada dois dias depois. Hoje, responde ao processo em liberdade.

 

Letícia disse que já foi intimada judicialmente e que vai apresentar defesa.

 

Ela continua atuando como dermatologista. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) entendeu que não houve infração ao Código de Ética da Médica. O caso foi apurado no âmbito administrativo diante de denúncias de que ela teria cometido falta médica por não parar para prestar socorro.

 

A acusação

 

Em março deste ano, o Ministério Público pediu que a médica fosse submetida à júri popular e, nessa segunda-feira, a Justiça atendeu ao pedido.

 

O MP sustentou que ela deve ser julgada por homicídio doloso por ter assumido o risco de matar ao dirigir depois de ter ingerido bebida alcoólica e ainda não prestar socorro. - A ré sequer parou, mesmo sabedora de que havia atropelado uma pessoa – sustenta, na ação.

 

Logo depois, a Justiça tornou a médica ré por três crimes: homicídio qualificado, omissão de socorro e condução de veículo embriagada.

 

Uma das provas anexadas ao processo foi uma gravação de uma câmera de segurança que registrou imagens do momento em que o Jeep Compass, conduzido pela médica, atinge o ambulante. Com o impacto da batida, a vítima foi arremessada contra uma árvore. A motorista não freou e nem desceu do carro.

 

A defesa

 

O advogado alega que Letícia não estava em alta velocidade, como consta no laudo citado na ação e que o documento que traz essa informação não foi anexado ao processo.

 

“O primeiro laudo oficial de velocidade foi anulado e, conforme informam os peritos oficiais, um segundo laudo estaria sendo produzido, o qual, portanto, não existia e continua não existindo nos autos, não se conhece a sua metodologia, não foi examinado pela defesa, tampouco pelo assistente técnico, não foi debatido na instrução penal, seja para indagar as testemunhas e a própria recorrente sobre suas circunstâncias”, diz a defesa, no recurso.

 
 
 

*Via O GLOBO

 

 

Confira reportagem sobre o tema, divulgado pelo Programa do Pop, da TV Cidade Verde:

 

 

 

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