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geral Domingo, 10 de Abril de 2022, 11:11 - A | A

Domingo, 10 de Abril de 2022, 11h:11 - A | A

VÍDEO: "TIVE VERGONHA, MEDO"

Há 10 anos na África do Sul, jornalista de MT denuncia casamento abusivo: "só volto ao Brasil com minha filha"

Redação

Reprodução

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Bia: anos em uma relação abusiva na África do Sul

 

De Cidade do Cabo, na África do Sul, a jornalista sul-mato-grossense Beatriz Barbosa Cezar, de 50 anos, vem usando há tempos as redes sociais para comunicar que deu basta em uma relação abusiva e agora enfrenta o desafio de voltar ao Brasil com a filha que teve com o marido sul-africano Ek Parker. "Só saio daqui com a minha Salma (nome da filha). Orem por mim", pede Bia, como é conhecida em Mato Grosso. Salma tem dupla cidadania: brasileira e sul-africana.

 

A história da jornalista na África do Sul parecia um conto de fadas, mas acabou se transformando em um filme de terror.

 

Bia relatou que conheceu o marido por uma indicação, foi para a África conhecê-lo e se casaram. "Quando cheguei ao aeroporto (...) as quatro irmãs dele estavam no aeroporto pra me receber, mais a Cássia, a brasileira que me apresentou ele". 

 

"Família muito legal, eles me trataram extremamente bem (...) Aí ele chegou com um vaso de flores (...) Cheguei dia 6, dia 7 fomos ver as alianças. Tive um casamento deslumbrante, casamento foi lindo, lindo, lindo", admitiu.

 

Articulada, com passagens por vários veículos de comunicação de Mato Grosso, ela usou durante anos as redes sociais para divulgar pontos turísticos em lugares como Cidade do Cabo e Joanesburgo como guia de turismo, além de frequentemente mostrar ações de caridade que realizava nas ruas da capital sul-africana levando comida a moradores de rua. 

 

Os denúncias feitas agora, porém, mostram um lado nebuloso da relação.

 

Entre os relatos de agressão vindos à tona e divulgados nas redes sociais, um chama a atenção.

 

"Eu nunca vou me esquecer desde o inicio da minha gravidez até 5 dias após ela nascer e eu com a Salma nos Braços eu disse... preciso dar o antibiótico que o médico mandou e ganhei Uma esbofeteada no rosto com Uma mão cheia em minha direção, eu com a bebê recém nascida nos meus Braços eu gritei por socorro, e a minha pequena Gigi viu isso tudo e muito mais", desabafou a jornalista.

 

Em outro 'textão', como ela mesmo diz, Bia faz questão de isentar o Islamismo de qualquer culpa para os 'anos de horror' vividos no casamento. Até porque, lembra, a conversão ao islamismo ocorreu ainda no Brasil, antes de se casar.

 

"Não pensem que violência é islã. Islã já era a minha religião antes de eu me mudar para a Africa do Sul. O islã condena o terrorismo e a violência. Estes atos são de abusivos. Não confundam: islã não é violência", ressaltou.

 

Além dos textos na internet, em live (ver abaixo) divulgada na manhã de domingo (10) a jornalista detalha ter sido vítima de um relacionamento violento, possessivo e agressor. "Uns dias depois (do casamento), começou o pesadelo (...) Eu tive vergonha, eu tive medo, eu não tive coragem de ser eu mesma e me calei", desabafou.

 

Redes sociais

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Bia em Joenesburgo: sorriso escondia um drama

 

Ela reconheceu que a 'manter uma aparência'  também pesou. "Muito cômodo, né? Tenho máquina de lavar louça aqui em casa. No Brasil quem tem máquina de lavar louça? Só gente muito rica. Tenho máquina de lavar roupa. Moro em um condomínio fechado de alto luxo, alta segurança", fez mea-culpa, ressaltando, porém,  que nunca seguiu o estilo de vida de pessoa endinheirada em Cidade do Cabo.

 

"Mas eu (na prática), não vivo a minha vida aqui assim. Eu vivo a minha vida pra ONG, é o que me sobrou. Pra cozinhar na chuva, mobilizar pessoas, mobilizar doações, porque não tem mais emprego. Acabou o turismo, acabou o emprego", relatou.

 

A Organização Não Governamental a que se refere é a que reúne um grupo de voluntários e desde 2016  cozinha e leva comida para moradores de rua da capital. 

 

Redes sociais

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Com o ex-marido, sul-africano

 

Bia admitiu que crise conjugal ganhou dimensão maior com a pandemia, há dois anos, quando passou a conviver sem o trabalho que realizava como guia de turismo.

 

"Aí começou o inferno. Quando a mulher não tem dinheiro ela não tem poder. Aí chegou ao ponto de intolerância, onde eu tinha que escolher entre o respeito e a saúde mental e emocional das minhas filhas e minha. As crianças estão traumatizadas para o resto da vida. Eu estou traumatizada para o resto da vida. Eu não vou ficar brincando de vítima. Eu sou vítima! As pessoas têm que parar de culpar a vítima, você é isso, você é aquilo. Recebo tanta mensagem em inbox, de gente duvidando de mim. Ah, não! Mas como? Ele?", declarou.

 

Redes sociais

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Trabalho realizado pela ONG que criou: distribuindo comida a moradores de rua

 

 

A luta agora da jornalista é para voltar ao Brasil.

 

Ela assegurou, no entanto, que só deixa a Africa do Sul com a filha Salma junto.

 

A decisão está nas mãos da justiça sul-africana. Bia já conseguiu uma vitória: medida protetiva para ela e as filhas.

 

"O juiz me perguntou por quê você esperou 10 anos para denunciar? Eu disse: por medo, vergonha". Da primeira filha, Gigi, Bia tem a guarda integral.

 

Confira uma das postagens, bem como a live da jornalista:

 

Obrigada meu Deus por mais um dia.
Lá vem texto......
Ramadan é tempo de purificação.
Não pensem que violência é islam. Islam já era a minha religião antes de eu me mudar Para a Africa do Sul.
O islam condena o terrorismo e a violência.
Estes atos são de abusivos.
Não confundam: islam não é violência.
Uma religião linda, de amor e paz e caridade, uma escolha minha.
Quando me reverti muçulmana muita gente não entendeu e eu também não fiz questão de explicar.
Quando os brasileiros vêm para cá e tem mais contato com muçulmanos descobrem que muçulmanos também são exatamente como católicos, evangélicos, cristãos, espíritas, a questão não é a religião, é o ser humano! Que fique bem claro isso em vossas mentes.
Violência e abuso são difundidos como culpa é da vítima.
Não, não é a vítima culpada.
Violência é violência, traumas do passado não justificam e nem autorizam ninguém a ser violento.
Muitos e muitas vieram inbox perplexas me perguntar... sim, é verdade.
Como as aparências enganam! E, como!
Meu sorriso nesta minha foto de perfil, foi de uma noite com turistas maravilhosos, um momento de alegria com a minha filha Gigi.
Eu gostei tanto desta foto que prefiro publicar a foto sorrindo.
Cada um dá o que tem. Quem não tem amor a nada, nem ao próximo, vivia me criticando que eu dava mais atenção aos homeless do que a minha família. Chamava os homeless de "olha, lá a sua familia".
Me sinto honrada de ser família de gente que batalha e está nas ruas.
Sou sim amiga deles com o maior prazer.
É e sempre foi um alívio Para minha alma mobilizar pessoas ao meu redor Para ajudar aos homeless, moradores de rua.
Depois do covid, muitos e muitas pessoas que vimos, Patricia Lobo que a gente tem certeza que eles não moravam na rua porque querem.
Muitos moradores de ruas são drogados, são pessoas com problemas mentais e pouca ou nenhuma atenção é dada a eles.
Quando eu não consigo ir levar a marmitinha de comida que na maioria das vezes são produzidas com muita dificuldade, eu sou a maior beneficiada, o amor deles é remédio Para minhas dores. Físicas e emocionais.
Devido aos meus problemas de saúde, todos eles recorrentes a gravidez em idade avançada, tive muita sorte em ter Uma filha extremamente saudável, uma criatura incrível, sensível, amorosa, inteligente, artista como eu e como a tia Maria Ely Meneses, minha Salma é um presente de Deus, assim como meu filho Gui e a minha filha Gigi.
E a vida vai seguindo, sim eu acredito e rezo e peço a Deus: sim, vai passar.
Nada é imediato.
Me sinto livre como alguém que era escravizada e era covarde e eu fui só eu mesma conivente com um agressor quando eu me calo.
Que você, que está passando por algo semelhante tenha coragem. O próprio juiz me disse...porque a senhora esperou 10 anos Para vir aqui me contar?? Eu respondi: por vergonha.
Mas não vou ser uma vítima calada.
Que minha história ajude alguém, já estou feliz .
Bom dia
 
 
 https://www.facebook.com/1332081069/videos/725094118506537/

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